sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Relações

"Obsessão" trata de amor, sexo, racismo e amadurecimento


obsessao cinema paperboy
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O caso envolve um assassinato de um policial, que tanto os brancos quanto os negros temiam por sua truculência indiscriminada. O homem acusado e preso, papel de John Cusack, mesmo com poucas provas e com um julgamento, para todos os fins, injustos, talvez merecesse estar preso. Talvez não. E é atrás dessa história que os dois repórteres estão. Mas não é só isso.
obsessao cinema paperboyCusack, como todo o elenco, está sensacional


"Obsessão" é um filme sobre amadurecimento e sobre como a primeira desilusão amorosa é crucial para o desenvolvimento de um jovem adulto, papel de Zac Efron. O jovem, nesse caso, se apaixona loucamente pela namorada do acusado, interpretada por Nicole Kidman, encarnando a imagem, sotaque e trejeitos do que se chama de white trash - jovens brancas caipiras e sem educação, formal ou informal, comuns nos estados do sul dos EUA. Mas não é só isso.
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O diretor Lee Daniels, como em "Preciosa", seu filme anterior, aproveita tudo isso para explorar as relações sociais. Afinal, estamos falando aqui de um estado sulista americano, cujas questões de cor de pele são problema ainda hoje. Quem dirá nos anos 60. Essas questões são deixadas bem claras ao se opor Anitta, a empregada vivida por Macy Gray com uma graça ímpar, com Yardley, o personagem de Oyelowo. Mesmo que esse último seja um jornalista, por ser negro, ele precisa de muito mais do que talento e instrução para se dar bem.
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"Obsessão" é tudo isso e muito mais, já que Daniels tempera tudo com uma série de outras pequenas questões. E, mostrando a boa mão para dramas, não se deixa perder em todas essas subtramas, costurando tudo de forma a que essas linhas narrativas se sobreponham umas às outras, sem virar um nó.
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Há espaço até mesmo para seus maneirismos visuais, aprimorados aqui. Se em "Preciosa" isso era usado como fuga psicológica para a personagem central, em "Obsessão" ele funde sonho e realidade no que é devir sexual para o jovem vivendo seu primeiro amor. Esse clima meio onírico é reforçado pela fotografia, que se deixa granular sem muita vergonha, ajudando um pouco a recriar os anos 60 da história.

Confira o trailer:

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